Música como Terapia é a aplicação controlada de atividades musicais especialmente organizadas com a intenção de expandir o desenvolvimento e a cura durante o tratamento, a educação e a reabilitação de adultos e crianças com deficiências motoras, sensoriais ou emocionais.
As deficiências podem ser: atraso na leitura, atraso na fala, retardo mental, deficiência motora, distúrbio emocional, deficiência auditiva parcial, psicose, autismo, afasia e disfasia.
O conceito de uma força terapêutica ou “harmonizadora” na música tem prevalecido na estética e educação musical desde a Grécia antiga através de Pitágoras.
No século XXVII, a filosofia mecanicista de Descartes, combinada com a “teoria do afeto”, segundo a qual o princípio básico é que a música reproduza emoções; e sua capacidade em atingir esferas pré-intelectuais da mente, são comprovadas.
Objetivos da Música como Terapia
1- Estabelecimento de contato e comunicação
2- Treinamento sensorial e desenvolvimento
3- Treinamento físico e motor, e desenvolvimento
4- Treinamento social e desenvolvimento
5- Liberação de processos sócio comunicativos
6- Ativação e liberação de processos emocionais
7- Desenvolvimento da fale e linguagem
8- Treinamento intelectual e desenvolvimento
9- Estímulo ao desenvolvimento de novos interesses
10- Treinamento musical e desenvolvimento
11- Desenvolvimento de autoconfiança e autodisciplina
12- Relaxamento e afastamento de problemas
Música e Saúde na Sociedade Pós-Moderna
Muitas doenças mentais, estão vinculadas às deficiências e desintegrações da capacidade comunicativa da pessoa.
A cultura atual está voltada para uma sociedade dominada pela produção automática e informatizada.
Naturalmente, isso não quer dizer que nós, na era pós-moderna, iremos negar todos os valores do modernismo. Não iremos mergulhar no mundo irreal do narcisismo, nem nos render ao artificialismo em forma de máquinas e nem nos tornar meros apêndices de uma racionalidade tecnológica que nega as contradições e rupturas essenciais na racionalidade humana, as rupturas e contradições nas quais a arte floresce. Temos que insistir na essência cognitiva, comunicativa, da música, senão ela perderá cada vez mais significado como uma atividade e um fenômeno social. E é isso que vemos hoje em dia: a música é um grande negócio, mas, por outro lado, está vazia de significado.
“A música não é um passatempo, a música é indispensável à nossa vida, e nunca precisamos tanto dela como agora.” (Michel Butor)
Musicoterapia na Dependência Química
A música está enraizada nas camadas mais profundas de nossa personalidade, onde percepções sensoriais, sentimentos e pensamentos se integram.
A dependência química é uma expressão do esforço de compensar deficiências estruturais. O “eu” do paciente dependente é deficiente, e seu ego, tem poucas chances de desenvolver funções maduras. O resultado é um paciente que não possui uma identidade definida.
Com o intuito de evitar depressão e mágoa, a pessoa dependente química geralmente enfraquece (anestesia) sua percepção da realidade interna e externa, mas busca a confluência utilizando o álcool e a droga como substitutos das enfraquecidas funções do ego, que não estão em condições de estabelecer contato entre o interno e o externo. A droga conduz a uma regressão à fase da prática, em que sentimentos de onipotência surgiram aliados a sentimentos de inferioridade, ansiedade de separação e depressão.
À medida que o efeito do álcool e droga diminui, a decepção em relação ao mundo decepcionante aumenta, e o círculo vicioso se reinicia com o uso da droga.
Objetivo da musicoterapia na dependência química
- Fortalecer as funções do ego e construir uma identidade definida.
- Realimentar, preencher as deficiências, diferenciar sentimentos e experiências e socializar o comportamento.
No processo prático da musicoterapia, quando o grupo atinge um clima de segurança, o musicoterapeuta pode começar a observar mais estreitamente os mecanismos de defesa dos dependentes de drogas, indagar sob os sentimentos expressados em seus corpos e em sua música, dar nomes aos conflitos e estereotipar modelos de comportamento, e convidar os pacientes a vivenciar musicalmente os sentimentos que acompanham seus problemas.
Quanto mais os dependentes assumem sua identidade durante o processo terapêutico, menos necessitam de drogas no afloramento de sensações.
A música executada nada mais é do que a expressão do que aconteceu e se desenvolveu dentro do grupo e dentro dos indivíduos.
Identidade dinâmico-pessoal do Dependente Químico
- Os instrumentos de percussão são os mais inclusivos.
- Podem ser tocados por qualquer pessoa, com ou sem conhecimento musical
- Não necessitam de aula individual especializada
- Estão dentre o ISO (Identidade Sonora) Cultural – IC brasileira
- São instrumentos que podem convidar o paciente instável à uma agressividade de cunho emocional transferida ao instrumento, facilitando sua identificação
- Por serem instrumentos primitivos, e de características primitivas,
- “Estão mais perto do ideal musicoterapêutico”. (Rolando Benenzon)
Exemplo de uma aplicação prática de musicoterapia na Grand House
Tema da aula: Sentimento de controle de situações adversas
Músicas: 1. Trilha sonora do filme Psicose – Alfred Hitchcock (primeiro, audição, depois, performance instrumental).
Objetivo: Primariamente, ativar o estado emocional de aflição somente com a audição da obra. Posteriormente, proposta de improvisação instrumental simultânea à música baseada na sensação que a música transmite.
Obs.: A improvisação instrumental é prevista em Musicoterapia que sugere uma regressão psicanalítica além da predominância do Id na ação. Após a performance, reconhecimento empírico de uma sensação de controle total sobre o subjetivo emocional de aflição.
Músicas: 2. Trilha sonora do filme O Carteiro e o Poeta (somente audição).
Objetivo: Mudar o estado emocional de aflição para o de ternura, consolidando um estado de quase-equilíbrio ou processo estacionário proposto por Köhler.
Verificação empírica sobre o acontecimento descrito acima.
Músicas: 1.Tente outra vez – Raul Seixas – Sugestão pertinente de um aluno (música tocada).
Objetivo: Catarse e mimese.
Conceitos envolvidos:
Musicoterapia grupal – Aprimoramento da Cinestesia – Teoria do Tálamo e cognição do processo prático teórico de se fazer música
Cognitivo-comportamental – possível catexia e fixação de crença sobre o conceito: Senso de controle sobre situações adversas.
Behaviorismo – reforço positivo – Música Tente outra vez, aceita pelo grupo como sensação de serenidade e satisfação catárticos
Psicanálise – Improvisação Instrumental – predominância do Id na ação
Gestalt – Teorias do processo Grupal e Conceito de Equilíbrio
Prof.: Leonardo Porcino
Formado pela Universidade de São Paulo (Departamento de Música e Comunicação)
Experiência de 26 anos em prática instrumental em diversas corporações do país, destacando-se: (OSESP) Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Clínica Grand House
http://www.grandhouse.com.br
Tel: 11 4483-4684