A codependência é compreendida como a tendência de viver focado no outro alienando-se de si mesmo e se caracteriza por uma preocupação e uma dependência excessiva (emocional, social e, às vezes, física) de uma pessoa em relação à outra.
O codependente fica tão obcecado pelo outro que se afasta cada vez mais de si mesmo, deixando de lado o controle de sua própria vida, perdendo aspectos de sua identidade, ficando cada vez mais mergulhado num universo fora de si, rejeitando tudo aquilo que é seu, que precisaria ser visto, cuidado, amado. Ele abandona a si mesmo para viver em função do outro.
Depender tanto assim de outra pessoa acaba se convertendo em uma condição patológica que caracteriza o codependente, comprometendo suas relações com as demais pessoas – podendo até desenvolver sérios transtornos de personalidade.
No caso da dependência química, a codependência de familiares é algo muito comum – dificilmente os familiares que convivem com o doente não desenvolvem esta patologia.
No entanto, o codependente normalmente se considera como um herói, ele não se vê como uma pessoa doente, uma vítima – ele se nota como alguém que foi designado a “salvar” o(s) outro(s).
Mas ninguém acaba sendo resgatado, ou salvo, o que pode ser claramente comprovado pelos anos de infelicidade. O que acontece de fato é que ambos (dependente e codependente químico) são sugados para um buraco de culpa emocional e acusações.
O codependente (seja ele químico ou não) desenvolve particularidades muito especificas – quais são então esses sintomas característicos? Vejamos 20 características mais comumente notadas no codependente:
- Sente-se responsável pelos sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar e destino do outro.
- O codependente se mostra muito solícito, sempre pronto a socorrer o outro, não importando as circunstâncias. No caso do dependente químico, o codependente vai tentar protegê-lo, socorrê-lo, poupá-lo de sofrimento, vai sempre arrumar desculpas para justificar o uso da substância.
- Sente vergonha extrema do dependente químico, como se o comportamento problemático do dependente fosse seu. Sente ansiedade, pena e culpa quando o dependente químico apresenta um problema. Acaba assumindo para si toda a culpa pelo uso do outro (comuns pais se culparem e perguntarem: “aonde foi que eu errei”?)
- Acha que necessita mais do outro do que o outro dele, não consegue imaginar sua vida sem esta outra pessoa, tem verdadeira obsessão.
- Assim como o dependente químico, o codependente mantém a ilusão do controle sobre a droga, achando que pode parar de usar quando quiser, o codependente acha que pode controlar seu ente querido, o seu uso e o seu comportamento.
- Da mesma forma que existe a negação do dependente químico em relação a sua condição de dependência, o mesmo ocorre com o codependente, pois ele nega a sua condição emocional, sua parcela de responsabilidade na problemática da família.
- Sente-se no dever – quase que na obrigação – de resolver os problemas de outras pessoas, tais como: oferecer conselhos indesejados, comprar o que elas querem ou acalmar seus ânimos. Na dependência química, o codependente vai acabar inconscientemente alimentando e financiando o dependente químico, tornando o transtorno cada vez pior, cada vez mais grave.
- O codependente químico, na maioria dos casos, leva anos para começar a buscar ajuda, ele fica tentando “abafar” o caso, esconder o problema e isto acaba facilitando a manutenção da dependência química.
- Assim como a dependência, a codependência é um mal progressivo, ela vai começando aos poucos, demora-se muito tempo para perceber que existe algo de errado e, quando isso acontece, você já sofreu muito, vão se passando anos e anos e nenhuma atitude foi tomada.
- Ele prevê as necessidades do outro, tenta suprir e socorrer o tempo todo e fica se perguntando por que as demais pessoas não fazem o mesmo. Sente-se mais seguro em dar do que em receber. Sente-se inseguro ou culpado quando alguém lhe dá alguma coisa, não sabe como agir.
- Sente muita raiva do dependente químico, o que pode levar a duas situações distintas: ou este codependente não vai se permitir expressar abertamente seu sentimento de raiva (vai acabar suprimindo), ou então vai expressar de forma exacerbada, confrontando o dependente químico o tempo todo, tentando agredir, tentando suprimir ou controlar suas atitudes.
- Fica chateado quando o outro não faz as coisas para si mesmo, e se sente obrigado a fazer por ele o que ele mesmo não quer fazer.
- Diz a si mesmo que seus próprios desejos ou necessidades não são tão importantes, acaba se privando de tudo em função de outro.
- Teme constantemente que o outro o abandone e acaba tolerando abusos para não ser abandonado, acaba sendo tremendamente permissivo. Procura desesperadamente por amor e equipara o amor a “dor”.
- Sente-se atraído por pessoas carentes e acha que as pessoas carentes se sentem atraídas por ele também.
- Espera sempre que algo aconteça para que as coisas mudem, nunca toma atitudes para resolver. Ou ainda fica na dependência de que alguém faça algo em seu lugar
- Sente-se entediado, vazio e sem valor se não tiver uma crise, um problema para resolver ou alguém para ajudar. O codependente acaba se comprometendo a fazer mais do que poderia – não sabe dizer não, tem dificuldades para colocar e manter limites.
- Sente medo, insegurança, sono instável, fadiga constante, muitas vezes desenvolve crise de ansiedade, síndrome do pânico.
- Sente pena de si mesmo, culpa os outros por suas dificuldades e sentimentos negativos, sente-se mal-amado, usado, zangado, vitimado (o que se assemelha muito aos sentimentos do próprio dependente químico).
- Não entende por que os outros não têm paciência ou ficam zangados com ele por causa de todas as características acima.
É importante buscar ajuda profissional para tratar a codependência pois o tratamento possibilita a redescoberta da autonomia e objetiva colocar o paciente como ser humano importante.
Além disso, o tratamento profissional vai proporcionar a oportunidade de construir um novo projeto de vida próprio sem codependência de outros, possibilitando a mudança de diretrizes rumo a um novo projeto de vida mais feliz e mais saudável!
É necessário buscar ajuda em unidades de saúde, conversar com profissionais e pessoas de referência na sua comunidade, aderir a grupos de ajuda e cursos.
Sergio Castillo
Clínica Grand House
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